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RIO – A necessidade de isolamento social por causa da pandemia da Covid-19 obrigou muitos profissionais a entrarem instantaneamente no regime de home office, sem uma preparação para esta nova rotina. Por isso, pipocam histórias de gafes envolvendo o trabalho não-presencial. As videoconferências são as campeãs: são crianças que aparecem para dar um  ‘oi no meio de uma reunião’, cachorros latindo e vestuário inadequado.

Patricia Santos, executiva de RH, alerta que a falta de postura no trabalho remoto pode afetar a vida profissional durante e depois da  quarentena.

Os gestores querem sentir que o funcionário está sendo produtivo em casa para atingir os resultados. Que ele está trabalhando seriamente e não está levando como férias. E a postura profissional reflete isso – salienta.

A presidente da ABRH-RJ, Lucia Madeira, também faz um alerta às empresas. Por meio da chefia, devem combinar com os funcionários qual será a rotina diária como horário de reuniões, tarefas e objetivos semanais, para que as equipes possam se programar e conciliar com as atividades domésticas.

– Os líderes devem entender que não terão total disponibilidade dos profissionais, por isso é importante que se organizem.

Este tempo de trabalho em casa tem sido desafiador para o gestor de comunicação Arthur Vitor Martins Junior ajustar a rotina com a filha de 1 ano e 5 meses, Clara. Muito novinha, ela quer brincar o tempo todo, aproveitando a presença do pai em casa.

– Outro dia, deixei o computador aberto e saí de perto da máquina. Quando eu voltei, ela estava participando da videoconferência com toda a equipe do meu trabalho. Em outro, subiu nas minhas costas durante um vídeo gritando “cocó” e pedindo para ver Galinha Pintadinha  – relata, afirmando que os colegas foram compreensivos e acharam graça.

Um comunicado interno com uma ‘bronca’ do advogado Luiz Gustavo Bichara na equipe viralizou nas redes. Nele, o gestor relata que fez um vídeo com um advogado “usando pijama verde-bandeira, cabelo de quem acabou de acordar, olho remelento, barba de uma semana por fazer… Numa outra, na sequência, um colega estava usando a tela para espremer espinha”.

Para evitar mal-entendidos, o ideal é que a empresa faça um manual sobre comportamento no home office. Na existência deste documento, e houver descumprimento das regras, o funcionário pode sofrer punições. No entanto, salienta,Cristóvão Soares Guimarães,  advogado e sócio do escritório Bosisio Advogados, a  MP 927/2020 (medidas trabalhistas a serem adotadas pelas empresas durante o período de combate ao covid-19), estabeleceu o prazo de 30 dias para que esse regime emergencial de trabalho seja formalizado.

– Nesse instrumento podem ser estabelecidas regras e condições de trabalho cujo descumprimento, em tese, pode gerar sanção ao empregado. O não estabelecimento dessas condições certamente dificultará a aplicação de qualquer penalidade.

Confira 10 regras de etiqueta para o home office:

1-      Os encontros virtuais estão cada vez mais frequentes, por isso não fique de pijama. Componha-se de forma confortável, mas adequada para atender uma chamada de vídeo, se necessário. Alguns escritórios exigem roupa mais formal para as videoconferências.

2-      Cuide de sua aparência e higiene como se você estivesse indo para o trabalho presencial: além da uma roupa apresentável, cuidado com o cabelo, barba e unhas. Atenção também com os acessórios escolhidos: fuja de tudo que possa chamar a atenção negativamente.

3-      Teste sua câmera antes de entrar numa conferência, evite enquadrar uma área que exponha sua intimidade ou de circulação de pessoas. Deixe sua imagem em off e áudio no mute e só ligue se for solicitado. Coloque sua foto no perfil das plataformas de teleconferência. Se estiver compartilhando o espaço de trabalho com outras pessoas na casa, use sempre um fone de ouvido para garantir que suas reuniões não serão invadidas pelas conversas dos demais.

4-      Mantenha as crianças entretidas quando estiver em teleconferência ou combine com alguém da casa esse revezamento. Os cachorros devem ficar em outro ambiente. E nesse caso, mais importante ainda manter o microfone fechado para evitar imprevistos.

5-      Ainda sobre crianças: elas são adoráveis, mas não precisam participar das ligações nem da teleconferência. Não coloque o filho para dar um “oi” para os colegas de trabalho nem deixe no seu colo durante o vídeo. Se a situação com o pequeno complicar muito e você não tiver ajuda em casa, peça desculpa aos colegas, coloque no mute e desligue a câmera e tente resolver.

6-      Se estiver usando o computador da empresa para trabalhar, não utilize para fins pessoais como para a aula on-line dos filhos, nem antes, nem depois e muito menos durante o horário de trabalho. É um patrimônio da empresa que você deve cuidar sob risco de ter que pagar pelo prejuízo caso quebre. Não baixe e assista vídeos, filmes e séries no equipamento que pertence à companhia. E não acesse sites indevidos.

7-      Cuidado com a postura e a linguagem durante uma teleconferência. Você deve agir como se estivesse em uma reunião presencial.  Então, nada de cutucar espinha, roer unha, fazer gestos, limpar os dentes ou comer na frente da câmera. Nem use um vocabulário muito coloquial com gírias e linguajar chulo, “como se estivesse em casa”.

8-      Em seu horário de trabalho, esteja sempre alerta para atender uma ligação. E é o mesmo cuidado que você deve ter em uma teleconferência. Não atenda em lugares com muitas pessoas da família, mexendo em objetos barulhentos (instrumentos de cozinha, por exemplo) e nem ofegante durante uma aula de ginástica acompanhada no Instagram.

9-      Não envie mensagens em horários fora do período de trabalho. Não é porque todos estão em casa, que estão disponíveis para serem abordados a qualquer momento. Procure manter seus contatos ao que seria o horário normal de funcionamento da empresa. Segure aquela mensagem para enviar num momento adequado.

10-  Fuja da tentação de entrar em assuntos  externos nos meios digitais. Não é porque  está em casa que você pode compartilhar segredos e contar intimidades da sua vida com aqueles que têm somente uma relação profissional .

Fontes: Patricia Santos (Empregueafro), Rosa Bernhoeft (especialista em liderança e gestão de altos executivos), Lucia Madeira (Presidente da ABRH-RJ) e Jacqueline Resch (consultora e sócia-diretora da RESCH RH)